quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Papai Noel para sempre...


Imagino que ao ler isso vem uma sensação esquisita, afinal o Natal já foi embora e o Carnaval está aí... Eu sei disso e podem ficar tranquilos o calor ainda não fritou os meus miolos...
Essa é uma história minha que nesse momento quero compartilhar. Uma percepção infantil que me acompanhou durante minha vida e com certeza ficará para sempre na minha história. Afinal não é para qualquer um crescer ao lado de um Papai Noel lindo, barbudo como nos filmes e com olhos verdes tão expressivos que falavam por si só. É assim que gosto de lembrar do meu avô, como o meu bom velhinho. Embora ele não fosse tão bonzinho assim, porque sempre tinha algo a dizer e era algo que nem se eu ficasse pensando por dias nunca viria a minha mente, ainda mais na velocidade que ele falava. Ele sempre tinha o que falar, porque seu senso de humor foi um de seus dons e nos acostumamos a isso e no fundo queríamos ouvir o seu palpite e até provocávamos situações só para ver o que vinha.
Quando criança eu e minha irmã mais velha íamos passar as férias de dezembro no apartamento de meus avós. Achava muito engraçado ver meu avô fazendo a nossa comida. Sim ele quem preparava tudo e fazia as nossas vontades, sabia o que cada neto gostava e tentava sempre agradar a todos. O que normalmente as avós fazem nós tínhamos o nosso vô (minha avó tem outros dons, mas realmente cozinhar e nos paparicar com comida ele sabia fazer isso como ninguém). Lembro uma vez que meu avô precisou ir para rádio mais cedo e quem fez o almoço foi minha avó, olhei espantada para ela “mas você sabe cozinhar?” Ela riu e disse que sim – o meu espanto foi grande porque meu avô dizia pra gente que ela não sabia fazer nada na cozinha. Adorava ir ao estúdio de rádio vê-lo trabalhar, lógico que nossos ataques de riso eram sempre na hora que estava com a luz vermelha para não falarmos. Outro programa preferido por nós duas era passear nos shoppings para ver a decoração de Natal, ir até a Paulista de noite, ver São Paulo enfeitada e eu sempre pensava “vamos ver o Natal com o Papai Noel dirigindo o carro”.
Um dia que eu me senti muito importante foi quando meu avô mesmo não gostando muito de circo me levou em um e depois do espetáculo saímos para jantar numa cantina italiana. Em casa não tínhamos o costume de jantar em restaurante, imagina então comer depois de uma apresentação circense. E as brincadeiras na piscina que ele inventava, deixava a gente fazer arte na banheira. O que ele não perdoava era falarmos errado, isso ele corrigia na hora e era motivo de piada pronta para as férias todas. A minha irmã mais nova que o diga com a Boroleta na palavra cruzada.
O seu sorriso sempre foi contagiante e por isso tornava cada momento uma festa constante. Era olhar para ele e ter vontade de abraçá-lo sem parar. Mesmo quando ele dizia que eu tinha quebrado a televisão e eu jurava chorando que não tinha sido eu. Ele sabia que não tinha sido, mas gostava de fazer a piada. Tanto que mesmo depois de adulta ele contou ao meu marido “sabia que um dia ela me bateu porque quebrou a televisão”. Ai meu vozinho lindo como é difícil saber que não irei mais receber suas mensagens no celular, que não ouvirei as piadas que você decorava para nos contar, nem que ao chegar em São Paulo teremos mais aquele vozerão que encantava a todos e cantarolava músicas dos mais diversos cantores. Ainda bem que curtimos muitos momentos especiais, que registramos muita coisa com fotos e principalmente na memória. Espero você no Natal, porque como nos ensinou a olhar as estrelas tenho certeza que o reconhecerei e mostrarei para nossa tão esperada princesinha que o bisa está lá de cima vendo tudo, rindo de tudo como sempre, daquele jeito que só você sabe fazer...