quinta-feira, 24 de novembro de 2016

De repente eu me encontrei no corredor



Estava passando pelo corredor e me encontrei. Depois de muito tempo buscando tantas coisas na vida eu percebi que a vida está aqui no corredor da minha casa, na minha cara, muito mais perto do que eu sempre imaginei.

Não foi um encontro demorado, mas durou o tempo necessário para eu perceber que chegar aos 36 anos com a minha bagagem é muito mais do que sonhei para minha vida.

Entre 35 e 36 anos foram tantas buscas, inúmeras perguntas e as respostas nem sempre acessíveis a primeira vista. Eu vivi tudo o que nunca tinha imaginado em apenas um ano -- deixei meu emprego que adorava, voltei a estudar, virei dona de casa, me dediquei intensamente a maternidade e a minha família. Descobri uma força jamais imaginada, minha fé aumentou e me fez conversar muito mais com Deus do que já havia feito em 35 anos. Chorei noites quase inteiras. Ri quando meu coração estava estraçalhado. Chorei e ri ao mesmo tempo muitas vezes. Acreditei como nunca que para Deus nada é impossível.

Foi nesse encontro do corredor que percebi as novas marcas no meu rosto. Aceitei as mudanças no meu corpo (ainda estou brigando com a balança, mas dessa vez de forma mais generosa). E me orgulhei da evolução da minha alma. Com certeza foi um ano emocionante desde as tentativas frustadas em conceber uma nova vida até a descoberta de duas novas sendo geradas. Talvez eu tenha promovido o grande encontro da Renata cheias de verdade e a Renata que entendeu que a vida é hoje. A Renata organizada ainda existe, mas a que planeja tudo deu lugar a uma pessoa muito mais preparada para eventualidades e mudanças de planos. A ansiedade foi suprida pela fé -- o desafio quando compreendido como necessário vira o aprendizado para uma vida toda.
Ouvi que meus testemunhos emocionaram. Recebi mensagens do mundo todo, porque pessoas queridas vivem por aí e muitos bem longe daqui, emanando luz e força para aguentar a dura rotina de ter filhos no hospital. Superei a dor de não pegar os meus filhos até que estivessem estáveis para receberem todo amor que tinha para oferecer -- foram exatos 13 dias até segurá-los pela primeira vez!

Assisti a dança da Festa Junina da minha filha na cama do hospital. Agradeci a tecnologia, a minha irmã que teve essa brilhante ideia e chorei, porque foi durante a gravidez dos dois que precisei entender que nem sempre conseguirei estar presente nos eventos dos três.

Me descobri. Me encontrei e me reinventei. Assim começa um novo ciclo -- chego aos 36 anos marcada pela vida e repleta de vida para as novas marcas que ainda estão por vir. O rosto de menina deixa saudade, mas com certeza o da mulher que encontrei me faz encher de orgulho para seguir adiante!

Obrigada a todos que contribuíram para o ano ser mais leve e pela ajuda nesta travessia chamada vida. Agradeço a Deus por esse encontro do corredor e pela família linda da qual eu vim, a que me acolheu quando casei e a que agora formo junto com o melhor parceiro da vida. Afinal as fotos bonitas enfeitam minha rede social, a nossa casa e os nossos celulares. Já as imagens sofridas essas foram expostas na alma para sermos ainda mais unidos e apaixonados por tudo que a vida nos oferta, a começar dos nossos maiores presentes -- nossos três filhos!