Durante minhas férias fui a
um restaurante com meu marido. Um lugar bacana, ambiente gostoso e a comida
então, nem se fala. Não somos de sair sempre para comer fora, mas quando
podemos gostamos de degustar uma boa culinária. O que mais gosto na verdade é
estar em ambientes agradáveis onde podemos conversar – os assuntos nunca faltam
-, lembrar das nossas histórias e não se preocupar com a louça depois do
almoço.
Estávamos “loroteando” como
ele diz e mesmo sem querer acabamos prestando atenção na mesa ao lado. A voz alta
da mulher mostrava não se importar que os outros ouvissem. “Lá vai você mexer
no seu celular de novo. Não consegue largar um minuto dele, estamos almoçando,
pô”. O marido sem olhar para ela só respondeu “faz parte do meu trabalho”. E ela
continuou “se sou eu entrando no face e no e-mail não pode, mas você sempre
pode, inclusive num domingo na hora do almoço”. O marido se rendeu e deixou o
celular por alguns minutos. Ao invés de
uma conversa animada entre família com a filha - que tinha ido ao banheiro e
retornava naquela hora - um silêncio na mesa. Até que a filha com seus 10 anos
parecia entediada e foi falar alguma coisa para mãe que respondeu olhando para
o pai “fala pra ela que eu sou mais velha que você e não tenho paciência. Eu
sou assim mesmo, não gosto de brincadeiras. Você é o pai e essa é sua parte. Eu
já levo na escola, cuido da natação, do ballet e do jazz”. A menina ouviu a mãe
e depois foi até o pai para ver algo que a distraísse e qual foi à distração? O
joguinho no celular. Pelo jeito o celular realmente era o elo forte da família.
Logo eles foram embora e isso me deixou muito incomodada. Um incômodo de saber
como essa nova geração vai se comunicar, ou não vai? Como eles vão esperar o
presente de Natal se os próprios pais não têm paciência de contar histórias, de
conversar.
Minha infância foi tão
maravilhosa, a gente sonhava com o Natal, a gente preparava as festas de
aniversário. Começávamos os preparativos mais de uma semana antes, sentávamos
todos na mesa e ficávamos enrolando brigadeiro, beijinho, fazendo olho de sogra
e sempre tínhamos assunto. No Natal adorávamos montar a árvore e colocar os
enfeites.
Outro momento guardado na
memória é quando acabava a luz, acendíamos vela e ficávamos brincando de
adivinhações, meus pais contando histórias.
Hoje temos “tantas necessidades”,
“tanta informação” que cada dia parece que sei menos, que guardo menos as
coisas. Nas férias gosto mesmo é de desconectar e viver como antigamente, sem
computador, sem celular. E a receita dá certo, volto reabastecida, com mais
energia. Na verdade a receita das avós valem para tudo mesmo “tudo que é demais
estraga, engorda, faz mal”.