Ao olhar no espelho, ela se analisava.
Percebia que o tempo estava passando. Não, ela não se sentia velha. Engraçado
até se sentia jovem para idade, talvez porque as pessoas duvidem um pouco dos
seus 31 anos.
Bonita? Esse quesito não vinha ao caso embora
a vaidade dela era algo que dependia de seu estado de espírito. Mais do que
beleza ela realmente dava valor a sua maturidade, a sua história de vida, as
suas viagens e a descoberta de novas culturas. Para ela o conhecimento, o
aprendizado, sempre importaram mais do que tudo na vida. Sim, ela é autêntica,
temperamento forte, tem o sangue italiano correndo nas veias. Seu olhar diz
muito, sincera demais, amiga, companheira. Fala bastante, gosta de fazer novos
amigos, mas valoriza demais os antigos. Tenta descobrir as virtudes dos outros
sempre, o lado positivo da vida é o que realmente importa. Desde criança era
assim, pelo menos é o que a mãe e o pai dizem. Sabe argumentar e quando quer
levar uma discussão até o fim é preciso que o outro tenha paciência. O tempo ajudou,
hoje ela é mais paciente, não precisa ganhar, sabe escutar e ponderar. A vida
sempre ensina, é o que ela diz quando vê alguém como ela já foi um dia.
Feliz? Com certeza. Tem muito orgulho de suas
conquistas. Afinal durante esses 31 anos foram muitas alegrias, viagens e realizações.
Ela brinca que viajar é sua essência, precisa conhecer novos lugares, descobrir
novas culturas. Já fez trilha, acampou, subiu na Torre Eiffel, andou de barco em
sua rede pela Floresta Amazônica, mergulhou com tartaruga em águas cristalinas,
passeou pelos canais de Amsterdã, passou frio em Londres, morreu de calor em
Barcelona, andou de bugue com emoção pelas dunas em Natal, comeu no Mercado San
Miguel em Madrid, perdeu o trem e foi parar na Bélgica, colocou os pés onde um
dia foi o Muro de Berlim, viu cavalo marinho em Porto de Galinhas, esteve no
castelo de Edimburgo, comeu acarajé na Bahia, viu tubarão, presenciou o
encontro das águas do Rio Amazonas e Tapajós, esteve em Alter do Chão, subiu até
a Chapada dos Guimarães... Se for colocar aqui todas suas viagens acho que não
teria mais espaço para o próximo tópico.
Superação? 2011 com certeza foi um ano de
superação. A dor fez com que ela tivesse a certeza que o tempo de Deus não é o
nosso. Por isso ela exercitou mais do que nunca a paciência. Cresceu, ficou
mais forte, mais preparada para vida e com certeza tudo ficou pequeno com a
realização de um grande sonho – o de ser mãe. O bebê? Ainda está em sua barriga, mas ela
curte tudo cada minuto. Afinal é uma gravidez muito esperada e abençoada.
A história talvez não tenha aquela riqueza de
detalhes que as outras costumam ter porque não é de alguém que eu observei em
algum lugar. É de uma pessoa com a qual eu convivo diariamente e com certeza
conheço bem, afinal hoje a história é minha. É difícil falar de nós mesmos,
compartilhar a nossa essência, divulgar os nossos medos. Abrir uma nova página, fechar tantas outras
faz parte do dia a dia, mas na hora de colocar no papel, ou melhor, na tela
parece tão complicado, tão estranho.
Em novembro fiz 31 anos e são muitos os
motivos para festejar. O ano de 2011 foi um ano que ficará marcado para sempre
em minha vida. Termino novembro com centenas ou até milhares de motivos para
comemorar esta fase. Durante este ano também tive momentos de perda que só me
fizeram crescer, ser mais forte e saber que a vida é bonita demais para nos
apegarmos a dor. O que vale é superá-la, colocar uma roupa bem colorida e um
sorriso no rosto.
Resolvi escrever ainda em novembro porque
comecei o mês falando que este era especial para mim e minha família. Não quero
deixar o post de hoje com cara de despedida porque pretendo em dezembro
escrever mais histórias que vejo por aí. Mas não tinha como acabar o mês e eu
não falar um pouco da minha vida que agora começa uma nova fase – a de ser mãe aos 31 anos.