segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Acabou a bateria...


Eu já tinha escolhido o meu lugar. Como cheguei perto da hora do ônibus partir não precisei ficar na fila e pude escolher um banco para sentar e relaxar. Estava em meus pensamentos e um homem com uma pasta na mão e falando ao celular me fez sinal se podia sentar ao meu lado.
Balancei a cabeça de forma afirmativa respondendo ao seu sinal. E continuei divagando com meus pensamentos. Ainda tinha muita coisa para resolver. Mas não conseguia me concentrar nas minhas decisões porque a conversa do homem ao meu lado parecia ser mais interessante do que tudo o que eu ainda tinha que fazer.
Ele estava conversando com uma mulher, só não sabia identificar se era namorada ou esposa. Contava sobre o seu dia cheio de aventuras. Ele devia ser representante comercial porque tinha feito tantas visitas e em cada cliente uma história mais engraçada do que a outra. Na verdade eu não as achava tão divertidas como ele que gargalhava alto enquanto contava. Quando me dei conta já fazia mais de 30 minutos que eu estava lá ouvindo as anedotas de um desconhecido que ainda falava ao celular com o seu benzinho. A essa altura eu já estava cansada de tanto benzinho daqui, amorzinho de lá e de suas visitas aos clientes mais malucos que já ouvira. Até que a conversa tomou outro rumo quando ele disse que no dia seguinte iria a São Paulo com a fulana de tal. Parece que a amorzinho do outro lado não gostou nada dessa viagem repentina. Ele argumentava que a fulana de tal tinha mandado beijos para ela, que não tinha nada demais irem juntos, era só trabalho. A prosa realmente tinha mudado, ao invés de amorzinho presta atenção, nada de benzinho e sim me escuta. Até que ele gritou, olhou para mim com cara de que precisava de uma aprovação “Você quer que eu perca o meu emprego?”
Eu fingi que nem era comigo e virei o rosto para o corredor com intuito de ver o quanto antes do meu ponto precisaria levantar e atravessar até a porta. E nessa mesma hora o homem entrou em pânico porque acabou a bateria do celular e eles não poderiam continuar discutindo a relação. Ele falava sozinho “eu não acredito que acabou agora, justo agora. Até em casa mais 50 minutos, agora é que a vaca vai para o brejo”. E eu pensando como que ele não acreditava se fazia mais de 40 minutos de conversa que eu tinha escutado, sei lá quanto tempo a mais. E antes que eu precisasse ser consultada para alguma coisa me levantei. Mas a mulher que sentou no meu lugar não foi poupada por perguntas, e pelo jeito não era só  eu quem tinha escutado tudo. “Vou para casa ou passo na casa dela?” “Será que ela não entende que isso é meu trabalho?” A mulher sugeriu que ele fosse até a casa dela para explicar tudo pessoalmente.  Com isso eu pelo menos descobri que se tratava da namorada. Mas na sequência da descoberta tive que descer. Não sei se ele foi, mas sei que na semana seguinte lá esteve ele de novo no celular falando com o seu amorzinho e benzinho. Se era a mesma, isso ainda não descobri. Quem sabe um dia...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sempre é tempo de recomeçar...

O Sol nasce todos os dias para nos lembrar que sempre é tempo de recomeçar. Não importa qual seja o recomeço, pode ser de um sonho, de uma vida, de mais um dia atarefado ou tranquilo. O que importa mesmo é que podemos recomeçar a cada dia nossas esperanças de que no final tudo ficará bem.


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Vai arriscar?

A sensação é de participar de algum filme antigo. A travessia não é longa e a experiência é única.
Eu arrisquei, apesar quem chega nesse ponto do passeio não tem muita escolha, ou arrisca, ou nada.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Para colorir a semana...

Às vezes é preciso dar um colorido especial para terminar a semana com uma força diferente. Gosto dessa imagem, ela me passa muita energia.  Nada como uma praia da Bahia para mandar essa alegria mesmo de longe... Foto tirada em Taipú de Fora, mais um cantinho do Brasil registrado em minhas andanças por aí.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Dias de chuva...


Com as chuvas do final do dia tenho lembrado algumas histórias minhas e de meus companheiros de ônibus.
Quem nunca praguejou por estar dentro de um ônibus cheio e fechado porque a chuva vem por todos os lados? Quem nunca xingou mentalmente a pessoa que entrou com o guarda-chuva pingando e molhando a todos?
Essa história faz tempo que aconteceu, mas poderia ter sido hoje. Eu voltava da faculdade para São Paulo e uma chuva daquelas ou dessas acompanhava todo trajeto do ônibus. Ou seja, congestionamento na certa. O calor era de matar, mas a maioria das pessoas que já estavam molhadas do ponto de ônibus parece que não queriam continuar se molhando.  Resumindo janelas fechadas e aquele bafo tomava conta do veículo.
Eu não tinha conseguido sentar, por isso eu, como mais de 30 pessoas, tentava me equilibrar em pé no corredor. Para não passar mal, gritar ou ter algum ataque por estar naquela situação resolvi observar todos que estavam comigo. Tinha criança, idosos, trabalhadores. Ninguém em especial que se destacasse para eu poder prestar atenção. Acho que todos não viam a hora de chegar em casa e tomar um banho, por isso ninguém se animava em contar nenhuma história.
Então resolvi olhar do lado de fora, a água correndo nas ruas, as pessoas tentando se esconder da chuva. E nesse momento percebi que pelo menos eu estava abrigada, bem ou mal já estava indo para casa. Não sabia quanto tempo isso levaria, mas sabia que estava indo.
A viagem foi seguindo, mais pessoas foram entrando, até que chegou minha hora de dar sinal. Saí de lá aliviada por já estar perto de casa, por sentir o vento na pele. No meu caminho para casa tinha uma jovem seguindo na mesma direção. Ela também havia descido de um ônibus lotado, mas ao contrário de mim, estava sorrindo, mesmo estando encharcada. Eu fiquei intrigada com aquilo. Como poderia rir depois de tanto perrengue? Ela descia a ladeira feliz, segurava um fichário que horas alternava na parte da frente, horas na parte de trás.
Demorei a perceber que as calças brancas dela estavam transparentes, que o guarda-chuva de nada adiantara. Foi quando me dei conta que na vida sempre temos duas escolhas: praguejar ou sorrir. A jovem tinha escolhido a segunda opção apesar da situação que ela se encontrava e eu, a primeira. Mas parece que ela lia meus pensamentos e então sorrimos uma para outra. Segui em frente com essa lição e fui embora feliz por ter entendido como nossa paz de espírito depende do que escolhemos para nossa vida.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Dispensa legenda

Era outono de 2007. Como essa foto não precisa de histórias, vou sempre agradecer por ter essa imagem na lembrança, no computador e no papel. Foi simplesmente a realização de um sonho!


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Andou...


Estar na fila significa quase sempre ouvir ou participar de histórias. É muito difícil passar imune enquanto espera para pagar conta ou ser atendido.
Uma vez voltando de São Paulo parei no posto para comprar água e enquanto esperava para pagar a conta fiquei observando o comportamento das pessoas. Dessa vez eu simplesmente ouvi a história, não participei totalmente.
Na minha frente na fila tinha um casal estava com a sogra, mãe da moça, e um rapaz, além da família toda que já pagava a conta. Como disse no caixa estava uma família, e isso significa confusão entre pais, filhos, irmãos. Cada um querendo levar algo a mais do que o combinado.
Enquanto isso a sogra começou a puxar conversa com o rapaz. Era véspera de feriado em São Paulo. Por isso o posto tão cheio. O rapaz parecia querer mesmo conversar, e não se conformava como no interior o feriado não tinha sido incorporado. A moça prestava atenção, falava alguma coisa, mas o marido dela, parecia se afastar com uma cara de “sou anti-social” ou “não fale comigo, obrigado”.  Enquanto isso a sogra e o rapaz animados na conversa nem perceberam que a família já tinha saído do caixa.
Eu como estava entretida com minhas observações não reclamei que a fila não andou, mas se tratando de centenas de paulistanos querendo viajar imaginem o coro “andou” que foi feito porque a família saiu e o rapaz não se apressou em ser atendido.
O que me deixou satisfeita nessa história toda foi que minha teoria do marido anti-social era verdadeira. Assim que o rapaz saiu do caixa, a moça olhou para o marido e disse “você odeia conversar em fila, né? Já minha mãe...”. O marido monossilábico disse “perceptível?”
Eu olhei para eles com um sorriso pensando ainda bem que não fui quem puxou a conversa, só observei. E já corri para pagar a minha conta, afinal não queria um coro daqueles na minha vez.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pagar terapia de casal, nem pensar!


Um dia voltando para casa, estava sentada quase no final do ônibus e uma moça em especial me chamou atenção. Na verdade ela despertava a atenção de muitos passageiros. Ela não era bonita, mas era muito animada e cheia de conselhos para dar. Falava alto e de forma enfática. Não precisava muito esforço para escutar o que ela contava.
A moça era casada, tinha um filho e depois de muito tempo tinha conseguido um emprego.  Estava empolgada com o trabalho, apesar de ser durante a madrugada o que a impedia de dormir em casa. Ela contava como fazia com o filho, como o marido, mas era interrompida para saber se tinha trazido empadinha, coxinha, bombom, sim, além do trabalho, ela vendia comida aos colegas que começavam a mesma jornada noturna.
Entre os preços e as encomendas garantidas, ela voltava a falar de sua rotina. Não dormia em casa porque era perigoso demais chegar lá de madrugada. E mais do que a conquista do emprego, a felicidade dela era como tudo isso já tinha melhorado seu casamento. Em tom professoral ela dizia às colegas que o fato dela dormir na mãe durante a semana estava sendo ótimo para o seu relacionamento: “sabe agora ele tem saudade, fica tudo de bom no final de semana”.  Uma das colegas que estava atenta aos conselhos da moça retrucava “nossa nunca tinha pensado nisso. Acho que vou fazer greve durante a semana”. E a terceira que nem namorado fixo tinha comentava “meninas já sei que quando eu arrumar alguém nunca vou precisar pagar terapia de casal, vou é conversar com vocês duas”.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Passeando por aí...

Nas minhas andanças por aí registrei vários lugares especiais. Esse é um dos locais que com certeza ficará para sempre na minha memória.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Dica para começar bem o dia...


Resgatando textos antigos achei esse que fiz na faculdade e acho que é uma boa dica para começar o dia mais animado. Falo isso porque para escrever o texto andei em duas feiras e ficava anotando o que os feirantes faziam para chamar atenção e animar quem já estava na rua com a lista de compras.
Olha a dúzia da banana! É só dois reais freguesa... A prata, um real. Não vai levar? Corre que está acabando. Ei moça bonita não paga, mas também não leva! Eu posso faltar com a verdade, mas mentir nunca. Sabia que um belo dia começa com um sorriso no lábio? O entusiasmo dos feirantes contagia até mesmo a mulher que está com pressa e precisa logo voltar para casa, pois ainda vai trabalhar, levar o filho na escola, preparar o almoço. Arranca um sorriso da madame que ainda não entrou no clima da descontração. Apesar de ter carrinhos de um lado para outro, alguns com pressa outros nem tanto, mau humor não combina com este local. Quem pode fica mais tempo, encontra os amigos, bate um papo com os feirantes e faz a tradicional parada obrigatória na barraca do pastel.
As cores fortes dos produtos dão mais vida ao lugar. As mercadorias estão bem expostas, algumas em bacias, outras em caixas. Opção de escolha, variedade e fartura são características desse mercado livre. É uma infinidade de bananas, pêssegos, laranjas, alfaces, tomates,... Gostosos e saborosos são alguns dos adjetivos dados pelos fregueses às mercadorias das quais foram buscar.
Acordar cedo, estar de bom humor, chamar atenção da freguesia e ainda ter voz para gritar o preço de seus produtos, realmente não é uma tarefa fácil. Montar as barracas às cinco da manhã é uma rotina para quem tem a feira como meio de sobrevivência. Atender bem ao público é imprescindível para eles, faz parte da profissão. São senhores, senhoras, homens e mulheres vestidos de verde, ou apenas com um avental, caneta atrás da orelha e um belo sorriso no rosto os responsáveis por essa alegria contagiante que embala as feiras-livres.