Com as chuvas do final do dia tenho lembrado algumas histórias minhas e de meus companheiros de ônibus.
Quem nunca praguejou por estar dentro de um ônibus cheio e fechado porque a chuva vem por todos os lados? Quem nunca xingou mentalmente a pessoa que entrou com o guarda-chuva pingando e molhando a todos?
Essa história faz tempo que aconteceu, mas poderia ter sido hoje. Eu voltava da faculdade para São Paulo e uma chuva daquelas ou dessas acompanhava todo trajeto do ônibus. Ou seja, congestionamento na certa. O calor era de matar, mas a maioria das pessoas que já estavam molhadas do ponto de ônibus parece que não queriam continuar se molhando. Resumindo janelas fechadas e aquele bafo tomava conta do veículo.
Eu não tinha conseguido sentar, por isso eu, como mais de 30 pessoas, tentava me equilibrar em pé no corredor. Para não passar mal, gritar ou ter algum ataque por estar naquela situação resolvi observar todos que estavam comigo. Tinha criança, idosos, trabalhadores. Ninguém em especial que se destacasse para eu poder prestar atenção. Acho que todos não viam a hora de chegar em casa e tomar um banho, por isso ninguém se animava em contar nenhuma história.
Então resolvi olhar do lado de fora, a água correndo nas ruas, as pessoas tentando se esconder da chuva. E nesse momento percebi que pelo menos eu estava abrigada, bem ou mal já estava indo para casa. Não sabia quanto tempo isso levaria, mas sabia que estava indo.
A viagem foi seguindo, mais pessoas foram entrando, até que chegou minha hora de dar sinal. Saí de lá aliviada por já estar perto de casa, por sentir o vento na pele. No meu caminho para casa tinha uma jovem seguindo na mesma direção. Ela também havia descido de um ônibus lotado, mas ao contrário de mim, estava sorrindo, mesmo estando encharcada. Eu fiquei intrigada com aquilo. Como poderia rir depois de tanto perrengue? Ela descia a ladeira feliz, segurava um fichário que horas alternava na parte da frente, horas na parte de trás.
Demorei a perceber que as calças brancas dela estavam transparentes, que o guarda-chuva de nada adiantara. Foi quando me dei conta que na vida sempre temos duas escolhas: praguejar ou sorrir. A jovem tinha escolhido a segunda opção apesar da situação que ela se encontrava e eu, a primeira. Mas parece que ela lia meus pensamentos e então sorrimos uma para outra. Segui em frente com essa lição e fui embora feliz por ter entendido como nossa paz de espírito depende do que escolhemos para nossa vida.
Ai, tava precisando "ouvir" um final desses. Obrigada por lembrar! Como é gostoso ler suas histórias... Beijão com gostinho de saudade.
ResponderExcluirCarla
Antes eu sempre escolhia a primeira opção. Hoje, procuro escolher sempre a segunda e ver o lado bom das coisas da vida...
ResponderExcluirBeijão, Rê.
Carla que saudade imensa! Espero te ver mês que vem para contar mais histórias... E obrigada pelas visitas aqui. Bjs
ResponderExcluirSá, fico feliz de escolher a segunda opção. Adorei ter te encontrado hoje! Bjs
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