Um dia voltando para casa, estava sentada quase no final do ônibus e uma moça em especial me chamou atenção. Na verdade ela despertava a atenção de muitos passageiros. Ela não era bonita, mas era muito animada e cheia de conselhos para dar. Falava alto e de forma enfática. Não precisava muito esforço para escutar o que ela contava.
A moça era casada, tinha um filho e depois de muito tempo tinha conseguido um emprego. Estava empolgada com o trabalho, apesar de ser durante a madrugada o que a impedia de dormir em casa. Ela contava como fazia com o filho, como o marido, mas era interrompida para saber se tinha trazido empadinha, coxinha, bombom, sim, além do trabalho, ela vendia comida aos colegas que começavam a mesma jornada noturna.
Entre os preços e as encomendas garantidas, ela voltava a falar de sua rotina. Não dormia em casa porque era perigoso demais chegar lá de madrugada. E mais do que a conquista do emprego, a felicidade dela era como tudo isso já tinha melhorado seu casamento. Em tom professoral ela dizia às colegas que o fato dela dormir na mãe durante a semana estava sendo ótimo para o seu relacionamento: “sabe agora ele tem saudade, fica tudo de bom no final de semana”. Uma das colegas que estava atenta aos conselhos da moça retrucava “nossa nunca tinha pensado nisso. Acho que vou fazer greve durante a semana”. E a terceira que nem namorado fixo tinha comentava “meninas já sei que quando eu arrumar alguém nunca vou precisar pagar terapia de casal, vou é conversar com vocês duas”.
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