Com
certeza 2016 é o início de uma nova fase, um ano cheio de boas surpresas para
não dizer sustos emocionantes. Começou no dia 6 de janeiro descobrindo a minha
gravidez gemelar.
Nesses mais de cinco meses de
gestação conheci não só um novo mundo, mas uma nova Renata. Como foi importante
ter decidido parar a minha loucura para vivenciar a experiência de ser uma
mulher do lar, para usar o termo da moda. Uma mulher do lar que aprendeu a
valorizar todas as outras que escolheram ficar em casa ou simplesmente não
tiveram opção de ir ao mercado de trabalho. Eu no auge dos meus 30 e poucos
anos nunca tinha considerado essa possibilidade porque na minha cabeça eu
sempre estudei para ganhar o meu dinheiro, ter a minha independência e
conquistar o meu espaço. Mas a vida ensinou que dinheiro pode ser compartilhado,
aceitar ajuda faz parte deste meu aprendizado, e administrado de diversas
formas a começar escolhendo onde gastar; independência não é sinônimo de ficar
fora de casa e sim estado de espírito; e o meu espaço pode ser conquistado
dentro ou fora de casa porque não importa o que eu faça o meu poder de
raciocínio e as minhas indagações sempre irão me acompanhar.
O fato de ter parado tudo o que
havia conquistado no ano passado fez com que eu realmente vivenciasse algo que
pode parecer do século passado – almoçar em casa com meu marido e nossa filha todos
os dias; cuidar da minha família e da minha casa em tempo integral; voltar a
estudar depois de 15 anos trabalhando com algo que era apaixonante. Ao juntar
tudo isso, percebi que não era nada do século passado porque hoje temos a
liberdade para escolher não limpar a casa e pegar um livro para ler. Cozinhar o
que quisermos porque meu marido não vai achar que fui relapsa ou preguiçosa,
pelo contrário ele sempre me agradece por estar aqui cuidando dos nossos bens
mais preciosos – os nossos filhos, no momento os de dentro e a nossa pequena de
quatro anos. Não preciso dar satisfação para sociedade pelas minhas escolhas
porque elas fazem parte do meu eu, embora pelo que tem parecido a nossa
sociedade precisa ainda evoluir muito em questão do respeito às escolhas e
divergência de pensamentos (essa parte ficará para um próximo post).
Toda essa introdução foi para contar
a minha reação depois do susto emocionante vivenciado após mais de quatro meses
da descoberta que tenho dois lindos anjinhos dentro de mim. Dia 25 de abril fui
fazer mais um ultrassom para ver se os bebês estavam bem, medir os órgãos deles.
Com a gravidez gemelar aprendi que parte da minha vida se tornou pública mesmo
que eu não queira. Todos querem saber dos bebês, o sexo, os nomes, fez tratamento,
têm casos na família, ai Meu Deus que tamanho ficará sua barriga, quando vai
nascer, ah gêmeos sempre adiantam... Na sala de espera da clínica, algumas
dessas curiosidades apareceram e eu disse que estava esperando um casal – Maria
Isabel e João Miguel. Quando entrei para fazer o ultrassom, a médica no início
do exame disse “Renata estou vendo dois peruzinhos aqui, não é um casal.” Eu,
depois de 5 segundos, tem certeza doutora? Ela, com toda tranquilidade que lhe
é peculiar e por isso gostei tanto dela me disse, não tenho a menor dúvida, estão
bem claro que as duas genitálias são masculinas. Passei 1h20 vendo os meus bebês sendo examinados e pensando em
como contar a mudança ao meu marido, à minha filha, aos nossos pais, nossos irmãos,
cunhados, tios, avós, enfim para todos que já tinham comemorado comigo a vinda
de um casal.
Filha de engenheiro que cresceu
programando a vida, quem me conhece sabe disso, receber uma notícia dessas
depois de já ter passado mais da metade da gestação é porque realmente eu
precisava em 2016 passar por um choque de comportamento. Muitas coisas eu
acredito que ainda valem a pena programar, como a parte financeira de uma casa,
uma viagem, mas com filho e agora com a chegada de dois ao mesmo tempo, o
importante é estar pronta para todas as mudanças que acontecem no percurso. Ao
invés de cinco dias e olhos arregalados como foi com a notícia da gravidez
gemelar, passei só dois! Ponto para minha maturidade e aceitação de que
planejar é preciso, estar pronta para mudar a rota é essencial para uma vida
mais leve!
E os nomes? João Miguel e José
Carlos. Que venham nossos anjinhos com muita saúde para alegrar as nossas vidas
e deixar nossas vidas diferente de tudo que imaginamos. Afinal eles só
contribuem cada dia mais para eu entender que muitas coisas que nunca imaginei
para minha vida são muito melhores das que eu sonhei a vida inteira!