domingo, 28 de agosto de 2016

Compartilhar: a minha receita para me aprimorar


Vivemos em um tempo em que expomos a vida na rede social e mal sabemos o nome da vizinha. Compartilhamos a felicidade e deixamos trancado as nossas frustrações, medos e tristezas.
Celebramos as vitórias, fotografamos tudo e depois não sabemos o que fazer com tanta imagem. Faz um tempo que percebi que meu hd tinha tanta foto que ficava difícil editar para fazer os álbuns que adoro imprimir. Comecei a praticar o desapego e escolher o que realmente eu queria eternizar. Para ajudar nesse exercício peguei os meus álbuns da infância e vi que em algumas imagens era possível vivenciar toda a minha história. Não precisava de 10 fotos para cada momento e cada encontro.
Meus filhos me ajudaram a compartilhar mais do que me privar. Quebrei paradigmas. Quando me dei conta a minha história já era conhecida na escola da minha filha, no meu prédio, na mercearia, na papelaria, no cabeleireiro, na farmácia, na loja de bebês, no posto de gasolina, na gráfica digital, na lanchonete natureba em frente ao parque. E eu que sempre quis privacidade de tudo percebi como era bom receber o carinho das pessoas. Eu que sempre defendi que o melhor do Brasil são os brasileiros, percebi que estava fechada nos muros da minha alma e do meu condomínio. Aprendi que compartilhar problemas ajuda muito amenizar a dor e nos proporciona momentos únicos ao recebermos carinho de onde nem esperamos. Tem dias que o olhar da vizinha apenas me lembrando que eu posso contar com ela e o cumprimento de alguém na rua que sabe da minha história faz meu ❤️ se aquecer. A caminhada diária para maternidade me fez refletir como era bom
encontrar essas pessoas no meu caminho. Se estava com pressa as pessoas entendiam e diziam "vai lá levar o seu amor para eles". Quando tinha tempo conseguia atualizar um pouco do que estava acontecendo.
Agora que estamos todos em casa, as minhas saídas são mais restritas e nas duas horas que tenho para resolver a vida como eu gosto de brincar são priorizadas com as atividades da Sofia. E os dias que eu saio acabo sempre encontrando alguém e continuo feliz em receber tanta troca de experiência e de vida! 
Se a gravidez já mostrou que compartilhar é melhor que consumir -- herdei o enxoval dos meus sobrinhos. Depois que os meninos nasceram tive a certeza que a nossa história não pertence apenas a nós mas também a todos que se dedicaram alguns minutos de suas vidas para rezar pela minha família, mandar uma mensagem carinhosa, enviar boas energias. Enfim, aprendi que a troca de carinho acontece se abrimos a porta da  casa e da vida. Lógico que sempre guardarei segredos e manterei certa privacidade, mas com certeza as janelas ficarão abertas para a luz e o amor entrarem.