quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A virada do ano


Era fim de ano e eu voltava para casa pensando no feriado que estava por vir. Não tinha grandes planos para o Ano Novo, na verdade queria mesmo era paz, tranquilidade e poder descansar. Na minha frente sentou uma menina de uns 6 anos e a mãe.
A menina perguntou curiosa para mãe: - O que é virada de ano? E a mãe respondeu: - É quando muda o ano minha filha, esse ano é 2008 e o próximo será 2009, entendeu? Ela ficou pensativa e disse “mas porque falam que o ano vira, se ele muda?” A mãe riu “filha é jeito de falar, na verdade isso é chamado de Ano Novo, mas as pessoas falam virada de ano que quer dizer a mesma coisa”.
Passado alguns instantes a menina se manifesta mais uma vez “E por que todo mundo escolhe roupa branca e fala não vejo a hora que esse ano acabe?” “Filha, a roupa branca significa paz e o mundo precisa disso. É um costume as pessoas colocarem roupas brancas, mas ninguém é obrigado, na verdade várias cores têm seus significados. E as pessoas falam que não veem a hora que o ano acabe porque têm a esperança que no próximo ano tudo seja melhor. As pessoas fazem planos para que no próximo ano consigam realizar”. A menina “igual quando eu prometi ser mais comportada na escola”. “Isso mesmo, cada um vê as suas necessidades e faz uma lista do que quer mudar, do que quer comprar”. “Ah, então ano que vem eu posso escolher novos brinquedos?” “Pode escolher, mas não significa que vai ganhar”, respondeu a mãe mais séria do que nas explicações anteriores.
Estava na minha hora de descer e aquela conversa não saiu da minha cabeça. Fui andando até em casa e pensando qual o real propósito da virada do ano, já que podemos ter mais esperança de um dia para o outro, ficar mais animados, até mesmo prometer mudar nossos comportamentos do dia 31 para o 1, e por que não do dia 30 para o dia 31? Será que precisamos da virada para sermos melhores, ou podemos buscar isso no nosso dia a dia?
Entrei em casa e o assunto era a roupa da virada, para onde cada uma ia e que o Ano Novo trouxesse muita alegria para todos. Eu simplesmente comentei "assim seja hoje, amanhã e sempre!"

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Coisas que só acontecem comigo...


Um dia estava voltando de São Paulo e paramos no posto da Ayrton Senna. Afinal depois de enfrentar o trânsito para sair da capital é preciso uma parada antes de começar a viagem de volta. Estava com preguiça de pegar a bolsa e só desci com o celular. Quando entrei no banheiro fui abordada por uma moça dos seus 20 anos, não sei nem se ela já tinha isso de idade. A moça me olhava meio desesperada, com os olhos cheios de lágrimas. “Você me empresta o seu celular?” Logo pensei, será assalto, mas esse celular nem vale nada, ou então pra quem será que a mulher vai ligar do meu número. Esses pensamentos foram questões de segundos, ela me olhava aguardando uma resposta.
Mas acho que os pensamentos estavam na minha cara, porque ela disse preciso ligar para os meus pais. Eu então respondi, pode usar desde que seja chamada a cobrar porque estou sem crédito e o meu número é de São José dos Campos. Ela estava tão desesperada que não conseguia ligar, mal lembrava o número de casa. Perguntei se poderia ajudar e ela me contou o que estava acontecendo e o motivo de estar ali dentro do banheiro. A moça resolveu sair com o ex-namorado e ao falar que não tinha volta o relacionamento deles, ele começou a ameaçá-la dizendo que os dois iriam morrer. Ele pegou a estrada, ela nem sabia direito onde estava. Mas como ela ameaçou pular do carro, ele parou no posto. Uma narração típica de novela. Eu sugeri que ela entrasse no restaurante e pedisse ajuda, mas ela estava com medo de sair de lá e o rapaz pegá-la a força. Pedi que ela me descrevesse como ele era e eu iria ver se estava por perto.
Quando sai meu namorado já estava preocupado porque tanta demora no banheiro. Eu olhei para ele perguntando se tinha visto o segurança do posto e ele respondeu que não. Nisso eu procurava com os olhos o tal rapaz, e sim, ele estava ali por perto de olho no banheiro. Sem dar explicações ao meu namorado voltei ao banheiro e falei para ela que o ex estava rondando, mas que ela deveria sair correndo até o restaurante para pedir ajuda.
Sem entender nada meu namorado me perguntava o que estava acontecendo, eu disse que explicaria lá dentro. Quando entramos no restaurante contei tudo, ele riu, ficou preocupado com a moça e disse “essas coisas só acontecem com você”.
Antes de irmos embora vimos os dois discutindo, eu avisei o segurança do que estava acontecendo, mas ele disse que só poderia fazer algo se a mulher o procurasse: “moça briga de casal sempre acontece, a gente aqui não se mete não. Só senão tiver jeito”.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Novembro foi embora...


Ao olhar no espelho, ela se analisava. Percebia que o tempo estava passando. Não, ela não se sentia velha. Engraçado até se sentia jovem para idade, talvez porque as pessoas duvidem um pouco dos seus 31 anos.
Bonita? Esse quesito não vinha ao caso embora a vaidade dela era algo que dependia de seu estado de espírito. Mais do que beleza ela realmente dava valor a sua maturidade, a sua história de vida, as suas viagens e a descoberta de novas culturas. Para ela o conhecimento, o aprendizado, sempre importaram mais do que tudo na vida. Sim, ela é autêntica, temperamento forte, tem o sangue italiano correndo nas veias. Seu olhar diz muito, sincera demais, amiga, companheira. Fala bastante, gosta de fazer novos amigos, mas valoriza demais os antigos. Tenta descobrir as virtudes dos outros sempre, o lado positivo da vida é o que realmente importa. Desde criança era assim, pelo menos é o que a mãe e o pai dizem. Sabe argumentar e quando quer levar uma discussão até o fim é preciso que o outro tenha paciência. O tempo ajudou, hoje ela é mais paciente, não precisa ganhar, sabe escutar e ponderar. A vida sempre ensina, é o que ela diz quando vê alguém como ela já foi um dia.
Feliz? Com certeza. Tem muito orgulho de suas conquistas. Afinal durante esses 31 anos foram muitas alegrias, viagens e realizações. Ela brinca que viajar é sua essência, precisa conhecer novos lugares, descobrir novas culturas. Já fez trilha, acampou, subiu na Torre Eiffel, andou de barco em sua rede pela Floresta Amazônica, mergulhou com tartaruga em águas cristalinas, passeou pelos canais de Amsterdã, passou frio em Londres, morreu de calor em Barcelona, andou de bugue com emoção pelas dunas em Natal, comeu no Mercado San Miguel em Madrid, perdeu o trem e foi parar na Bélgica, colocou os pés onde um dia foi o Muro de Berlim, viu cavalo marinho em Porto de Galinhas, esteve no castelo de Edimburgo, comeu acarajé na Bahia, viu tubarão, presenciou o encontro das águas do Rio Amazonas e Tapajós, esteve em Alter do Chão, subiu até a Chapada dos Guimarães... Se for colocar aqui todas suas viagens acho que não teria mais espaço para o próximo tópico.
Superação? 2011 com certeza foi um ano de superação. A dor fez com que ela tivesse a certeza que o tempo de Deus não é o nosso. Por isso ela exercitou mais do que nunca a paciência. Cresceu, ficou mais forte, mais preparada para vida e com certeza tudo ficou pequeno com a realização de um grande sonho – o de ser mãe.  O bebê? Ainda está em sua barriga, mas ela curte tudo cada minuto. Afinal é uma gravidez muito esperada e abençoada.
A história talvez não tenha aquela riqueza de detalhes que as outras costumam ter porque não é de alguém que eu observei em algum lugar. É de uma pessoa com a qual eu convivo diariamente e com certeza conheço bem, afinal hoje a história é minha. É difícil falar de nós mesmos, compartilhar a nossa essência, divulgar os nossos medos.  Abrir uma nova página, fechar tantas outras faz parte do dia a dia, mas na hora de colocar no papel, ou melhor, na tela parece tão complicado, tão estranho.
Em novembro fiz 31 anos e são muitos os motivos para festejar. O ano de 2011 foi um ano que ficará marcado para sempre em minha vida. Termino novembro com centenas ou até milhares de motivos para comemorar esta fase. Durante este ano também tive momentos de perda que só me fizeram crescer, ser mais forte e saber que a vida é bonita demais para nos apegarmos a dor. O que vale é superá-la, colocar uma roupa bem colorida e um sorriso no rosto.
Resolvi escrever ainda em novembro porque comecei o mês falando que este era especial para mim e minha família. Não quero deixar o post de hoje com cara de despedida porque pretendo em dezembro escrever mais histórias que vejo por aí. Mas não tinha como acabar o mês e eu não falar um pouco da minha vida que agora começa uma nova fase – a de ser mãe aos 31 anos.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Castelo de Cristal


A semana é especial. Sexta-feira é dia festa. Por isso hoje comecei a pensar no pedido especial a fazer no dia 25. Continuando com minha imaginação pelo mundo infantil nada melhor do que viajar pelos contos de fadas e sonhar com um dia de princesa. Para ilustrar meus pensamentos posto a foto de um castelo de verdade de cristal. Um lugar que com certeza poderá me ajudar a realizar meus desejos...


terça-feira, 15 de novembro de 2011

Ondinha ou bicho-papão?


Apesar do dia chuvoso lembrei- me de uma história de praia. Era fim de tarde e eu estava sentada na cadeira observando o mar. Ainda tinham algumas pessoas na praia aproveitando o sol do fim do dia.
Uma menina com os seus 2 anos me chamou a atenção. Além do fato da menina ser muito graciosa, ela brincava em sua piscina de plástico tão feliz que não tinha como ser indiferente a presença dela ao meu lado. Ela pegava o patinho e colocava para nadar junto com ela, a bonequinha, o baldinho, a pá e todos os demais brinquedinhos que estavam ao seu redor. A menina dava vida a cada brinquedo que colocava na piscina. Até que seu pai a estimulou em molhar os pezinhos no mar.
Ela foi andando toda animada e sorridente de mãos dadas com o pai. Mas quando foi chegando perto da água, parecia que seus pezinhos andavam para trás. Ela parou, olhou para o pai e voltou correndo para sua piscina e os seus brinquedos. Ela não chorou, não fez manha, simplesmente abortou a ideia de molhar os pés no mar.
O pai fez mais uma tentativa e a menina foi com ele de novo. Ao chegar perto da água a mesma situação, ela parou e andou para trás. Dessa vez não voltou até a piscina, ficou só observando o pai molhar os pés. Ela ficou paradinha com a mão na cintura, não estava assustada, nem chorando, estava simplesmente observando o mar. O pai a chamava, mostrava que não tinha problema, que o mar estava calmo, mas ela ao invés de ir na direção do pai, dava uns passinhos para trás com a mão na cintura e o sorriso no rosto.
Eu fiquei imaginando o que será que a menina pensava. Ela não parecia assustada, simplesmente não queria molhar os pés na ondinha.  E não adiantava o pai falar e estimulá-la a ir com ele. Ela olhava o mar, a ondinha, com uma carinha engraçada, até que na minha imaginação eu cheguei a conclusão que aquela água que vinha e voltava deveria ser um bicho-papão para ela não querer chegar nem perto.