domingo, 25 de março de 2012

Novo caminho

Um novo caminho a seguir. Foi assim que 2012 começou. Ainda não vou conseguir postar nenhuma história, nenhum grande texto. Mas logo que for possível vou tirar a poeira das estantes e trazer mais causos da vida.


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Papai Noel para sempre...


Imagino que ao ler isso vem uma sensação esquisita, afinal o Natal já foi embora e o Carnaval está aí... Eu sei disso e podem ficar tranquilos o calor ainda não fritou os meus miolos...
Essa é uma história minha que nesse momento quero compartilhar. Uma percepção infantil que me acompanhou durante minha vida e com certeza ficará para sempre na minha história. Afinal não é para qualquer um crescer ao lado de um Papai Noel lindo, barbudo como nos filmes e com olhos verdes tão expressivos que falavam por si só. É assim que gosto de lembrar do meu avô, como o meu bom velhinho. Embora ele não fosse tão bonzinho assim, porque sempre tinha algo a dizer e era algo que nem se eu ficasse pensando por dias nunca viria a minha mente, ainda mais na velocidade que ele falava. Ele sempre tinha o que falar, porque seu senso de humor foi um de seus dons e nos acostumamos a isso e no fundo queríamos ouvir o seu palpite e até provocávamos situações só para ver o que vinha.
Quando criança eu e minha irmã mais velha íamos passar as férias de dezembro no apartamento de meus avós. Achava muito engraçado ver meu avô fazendo a nossa comida. Sim ele quem preparava tudo e fazia as nossas vontades, sabia o que cada neto gostava e tentava sempre agradar a todos. O que normalmente as avós fazem nós tínhamos o nosso vô (minha avó tem outros dons, mas realmente cozinhar e nos paparicar com comida ele sabia fazer isso como ninguém). Lembro uma vez que meu avô precisou ir para rádio mais cedo e quem fez o almoço foi minha avó, olhei espantada para ela “mas você sabe cozinhar?” Ela riu e disse que sim – o meu espanto foi grande porque meu avô dizia pra gente que ela não sabia fazer nada na cozinha. Adorava ir ao estúdio de rádio vê-lo trabalhar, lógico que nossos ataques de riso eram sempre na hora que estava com a luz vermelha para não falarmos. Outro programa preferido por nós duas era passear nos shoppings para ver a decoração de Natal, ir até a Paulista de noite, ver São Paulo enfeitada e eu sempre pensava “vamos ver o Natal com o Papai Noel dirigindo o carro”.
Um dia que eu me senti muito importante foi quando meu avô mesmo não gostando muito de circo me levou em um e depois do espetáculo saímos para jantar numa cantina italiana. Em casa não tínhamos o costume de jantar em restaurante, imagina então comer depois de uma apresentação circense. E as brincadeiras na piscina que ele inventava, deixava a gente fazer arte na banheira. O que ele não perdoava era falarmos errado, isso ele corrigia na hora e era motivo de piada pronta para as férias todas. A minha irmã mais nova que o diga com a Boroleta na palavra cruzada.
O seu sorriso sempre foi contagiante e por isso tornava cada momento uma festa constante. Era olhar para ele e ter vontade de abraçá-lo sem parar. Mesmo quando ele dizia que eu tinha quebrado a televisão e eu jurava chorando que não tinha sido eu. Ele sabia que não tinha sido, mas gostava de fazer a piada. Tanto que mesmo depois de adulta ele contou ao meu marido “sabia que um dia ela me bateu porque quebrou a televisão”. Ai meu vozinho lindo como é difícil saber que não irei mais receber suas mensagens no celular, que não ouvirei as piadas que você decorava para nos contar, nem que ao chegar em São Paulo teremos mais aquele vozerão que encantava a todos e cantarolava músicas dos mais diversos cantores. Ainda bem que curtimos muitos momentos especiais, que registramos muita coisa com fotos e principalmente na memória. Espero você no Natal, porque como nos ensinou a olhar as estrelas tenho certeza que o reconhecerei e mostrarei para nossa tão esperada princesinha que o bisa está lá de cima vendo tudo, rindo de tudo como sempre, daquele jeito que só você sabe fazer...

domingo, 22 de janeiro de 2012

Fim de tarde na praça

Uma das coisas que eu mais gosto de voltar do trabalho de ônibus é poder observar as pessoas ao longo do caminho. No trajeto da viagem passo por várias praças e nelas ficam os meus pensamentos junto com as pessoas que por lá estão.
Eu sempre fico imaginando como é bom sair do trabalho e sentar numa praça no final do dia para conversar com os amigos, ver as crianças brincar ou simplesmente sentir a brisa do entardecer. Quando olho os homens jogando dominó, as mulheres conversando e as crianças se divertindo sempre penso como para ser feliz é preciso pouco. Minha cabeça parece ficar lá com eles, fico imaginando o que as pessoas estão conversando, como está o jogo, se os homens levam a sério ou é só uma distração, relembro a minha infância e as diversas brincadeiras que inventávamos. Ah, como o mundo infantil é criativo, inocente e divertido. Em meio a tudo isso, passo a me questionar o porquê buscamos desculpas para não simplesmente aproveitar o final do dia assim... acho que não conseguimos ter mais qualidade de vida porque muitas vezes criamos rotina que nos impedem de viver com mais simplicidade. Por que passamos tanto tempo no computador, se podemos desfrutar de um momento agradável ao ar livre com pessoas que estão ao nosso redor e não nas redes sociais. Não é preciso ter dinheiro para ir a uma praça - a não ser que a mesma fique longe de casa - mesmo assim colocamos tanto empecilhos e ao mesmo tempo invejamos quem está lá sentado no banco.
Nesses meus conflitos e pensamentos percebo que minha viagem vai mais rápida e eu prometo que tentarei melhorar. Vejo que a vida vai passando e se não mudarmos hoje, amanhã ficará mais difícil. Prometo que da próxima vez não ficarei imaginando qual a sensação de estar sentada na praça, vou descer do ônibus e conferir como é estar lá.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Procura-se...


Começa o ano. Na verdade isso já aconteceu há 12 dias... Mas só hoje consegui elaborar o primeiro post. Dessa vez ao invés de uma história do ônibus ou de viagem, um embaralhado de ideias. Uma mistura de alegria, emoção, frio na barriga, diversão. Afinal o que significa um ano novo, senão novas esperanças, novos desafios, novas conquistas, novos obstáculos. 
Começamos um novo ciclo, alguns renovados, outros carregados, alguns com novidades, outros com os problemas antigos. Sempre terá o otimista e o pessimista. As notícias muitas vezes parecem ser as mesmas do ano passado. Às vezes bate aquela sensação “de novo, todo começo de ano é a mesma coisa”. Ou fica a indignação de como tudo isso pode acontecer em apenas 12 dias.
Fico me perguntando, onde estão as boas histórias, quem poderá me contar um fato realmente intrigante. Cadê os brasileiros que formam suas famílias sem a necessidade de um eletrônico a cada ano, que almoçam ou jantam juntos, que conversam sobre tudo sem a televisão de concorrência. Onde está a nossa cultura? Será que um dia ficaremos perdidos no meio dos computadores e alienados das nossas raízes?
Fico lembrando das minhas férias de criança, onde inventávamos as brincadeiras, nos dias de chuva desenhávamos o sol na terra e acordávamos com a esperança que ele iria aparecer. Senão aparecesse, a gente tentava de novo e de novo, e quando aparecia tínhamos a certeza que foi porque não tínhamos desistido. Como era bom sonhar, acordar acreditando que cada dia poderia ser mais especial que outro, ouvir as histórias dos mais velhos, poder brincar no quintal, tomar chuva, se lambuzar de sorvete, desenhar na areia, construir castelos e criar cada dia um mundo melhor.
Por isso decidi que este ano vou viver as minhas experiências ainda mais intensamente, me abrir para o novo, explorar as descobertas, curtir cada minutinho do maior presente que poderia receber na vida, contar histórias, relembrar as minhas. E claro procurar boas histórias para lavar a alma, rir sozinha e pode colocar nas minhas estantes...

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A virada do ano


Era fim de ano e eu voltava para casa pensando no feriado que estava por vir. Não tinha grandes planos para o Ano Novo, na verdade queria mesmo era paz, tranquilidade e poder descansar. Na minha frente sentou uma menina de uns 6 anos e a mãe.
A menina perguntou curiosa para mãe: - O que é virada de ano? E a mãe respondeu: - É quando muda o ano minha filha, esse ano é 2008 e o próximo será 2009, entendeu? Ela ficou pensativa e disse “mas porque falam que o ano vira, se ele muda?” A mãe riu “filha é jeito de falar, na verdade isso é chamado de Ano Novo, mas as pessoas falam virada de ano que quer dizer a mesma coisa”.
Passado alguns instantes a menina se manifesta mais uma vez “E por que todo mundo escolhe roupa branca e fala não vejo a hora que esse ano acabe?” “Filha, a roupa branca significa paz e o mundo precisa disso. É um costume as pessoas colocarem roupas brancas, mas ninguém é obrigado, na verdade várias cores têm seus significados. E as pessoas falam que não veem a hora que o ano acabe porque têm a esperança que no próximo ano tudo seja melhor. As pessoas fazem planos para que no próximo ano consigam realizar”. A menina “igual quando eu prometi ser mais comportada na escola”. “Isso mesmo, cada um vê as suas necessidades e faz uma lista do que quer mudar, do que quer comprar”. “Ah, então ano que vem eu posso escolher novos brinquedos?” “Pode escolher, mas não significa que vai ganhar”, respondeu a mãe mais séria do que nas explicações anteriores.
Estava na minha hora de descer e aquela conversa não saiu da minha cabeça. Fui andando até em casa e pensando qual o real propósito da virada do ano, já que podemos ter mais esperança de um dia para o outro, ficar mais animados, até mesmo prometer mudar nossos comportamentos do dia 31 para o 1, e por que não do dia 30 para o dia 31? Será que precisamos da virada para sermos melhores, ou podemos buscar isso no nosso dia a dia?
Entrei em casa e o assunto era a roupa da virada, para onde cada uma ia e que o Ano Novo trouxesse muita alegria para todos. Eu simplesmente comentei "assim seja hoje, amanhã e sempre!"

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Coisas que só acontecem comigo...


Um dia estava voltando de São Paulo e paramos no posto da Ayrton Senna. Afinal depois de enfrentar o trânsito para sair da capital é preciso uma parada antes de começar a viagem de volta. Estava com preguiça de pegar a bolsa e só desci com o celular. Quando entrei no banheiro fui abordada por uma moça dos seus 20 anos, não sei nem se ela já tinha isso de idade. A moça me olhava meio desesperada, com os olhos cheios de lágrimas. “Você me empresta o seu celular?” Logo pensei, será assalto, mas esse celular nem vale nada, ou então pra quem será que a mulher vai ligar do meu número. Esses pensamentos foram questões de segundos, ela me olhava aguardando uma resposta.
Mas acho que os pensamentos estavam na minha cara, porque ela disse preciso ligar para os meus pais. Eu então respondi, pode usar desde que seja chamada a cobrar porque estou sem crédito e o meu número é de São José dos Campos. Ela estava tão desesperada que não conseguia ligar, mal lembrava o número de casa. Perguntei se poderia ajudar e ela me contou o que estava acontecendo e o motivo de estar ali dentro do banheiro. A moça resolveu sair com o ex-namorado e ao falar que não tinha volta o relacionamento deles, ele começou a ameaçá-la dizendo que os dois iriam morrer. Ele pegou a estrada, ela nem sabia direito onde estava. Mas como ela ameaçou pular do carro, ele parou no posto. Uma narração típica de novela. Eu sugeri que ela entrasse no restaurante e pedisse ajuda, mas ela estava com medo de sair de lá e o rapaz pegá-la a força. Pedi que ela me descrevesse como ele era e eu iria ver se estava por perto.
Quando sai meu namorado já estava preocupado porque tanta demora no banheiro. Eu olhei para ele perguntando se tinha visto o segurança do posto e ele respondeu que não. Nisso eu procurava com os olhos o tal rapaz, e sim, ele estava ali por perto de olho no banheiro. Sem dar explicações ao meu namorado voltei ao banheiro e falei para ela que o ex estava rondando, mas que ela deveria sair correndo até o restaurante para pedir ajuda.
Sem entender nada meu namorado me perguntava o que estava acontecendo, eu disse que explicaria lá dentro. Quando entramos no restaurante contei tudo, ele riu, ficou preocupado com a moça e disse “essas coisas só acontecem com você”.
Antes de irmos embora vimos os dois discutindo, eu avisei o segurança do que estava acontecendo, mas ele disse que só poderia fazer algo se a mulher o procurasse: “moça briga de casal sempre acontece, a gente aqui não se mete não. Só senão tiver jeito”.