sábado, 30 de abril de 2016

Mais um capítulo da série “coisas que nunca imaginei para minha vida”


Com certeza 2016 é o início de uma nova fase, um ano cheio de boas surpresas para não dizer sustos emocionantes. Começou no dia 6 de janeiro descobrindo a minha gravidez gemelar.
            Nesses mais de cinco meses de gestação conheci não só um novo mundo, mas uma nova Renata. Como foi importante ter decidido parar a minha loucura para vivenciar a experiência de ser uma mulher do lar, para usar o termo da moda. Uma mulher do lar que aprendeu a valorizar todas as outras que escolheram ficar em casa ou simplesmente não tiveram opção de ir ao mercado de trabalho. Eu no auge dos meus 30 e poucos anos nunca tinha considerado essa possibilidade porque na minha cabeça eu sempre estudei para ganhar o meu dinheiro, ter a minha independência e conquistar o meu espaço. Mas a vida ensinou que dinheiro pode ser compartilhado, aceitar ajuda faz parte deste meu aprendizado, e administrado de diversas formas a começar escolhendo onde gastar; independência não é sinônimo de ficar fora de casa e sim estado de espírito; e o meu espaço pode ser conquistado dentro ou fora de casa porque não importa o que eu faça o meu poder de raciocínio e as minhas indagações sempre irão me acompanhar.
            O fato de ter parado tudo o que havia conquistado no ano passado fez com que eu realmente vivenciasse algo que pode parecer do século passado – almoçar em casa com meu marido e nossa filha todos os dias; cuidar da minha família e da minha casa em tempo integral; voltar a estudar depois de 15 anos trabalhando com algo que era apaixonante. Ao juntar tudo isso, percebi que não era nada do século passado porque hoje temos a liberdade para escolher não limpar a casa e pegar um livro para ler. Cozinhar o que quisermos porque meu marido não vai achar que fui relapsa ou preguiçosa, pelo contrário ele sempre me agradece por estar aqui cuidando dos nossos bens mais preciosos – os nossos filhos, no momento os de dentro e a nossa pequena de quatro anos. Não preciso dar satisfação para sociedade pelas minhas escolhas porque elas fazem parte do meu eu, embora pelo que tem parecido a nossa sociedade precisa ainda evoluir muito em questão do respeito às escolhas e divergência de pensamentos (essa parte ficará para um próximo post).
            Toda essa introdução foi para contar a minha reação depois do susto emocionante vivenciado após mais de quatro meses da descoberta que tenho dois lindos anjinhos dentro de mim. Dia 25 de abril fui fazer mais um ultrassom para ver se os bebês estavam bem, medir os órgãos deles. Com a gravidez gemelar aprendi que parte da minha vida se tornou pública mesmo que eu não queira. Todos querem saber dos bebês, o sexo, os nomes, fez tratamento, têm casos na família, ai Meu Deus que tamanho ficará sua barriga, quando vai nascer, ah gêmeos sempre adiantam... Na sala de espera da clínica, algumas dessas curiosidades apareceram e eu disse que estava esperando um casal – Maria Isabel e João Miguel. Quando entrei para fazer o ultrassom, a médica no início do exame disse “Renata estou vendo dois peruzinhos aqui, não é um casal.” Eu, depois de 5 segundos, tem certeza doutora? Ela, com toda tranquilidade que lhe é peculiar e por isso gostei tanto dela me disse, não tenho a menor dúvida, estão bem claro que as duas genitálias são masculinas.      Passei 1h20 vendo os meus bebês sendo examinados e pensando em como contar a mudança ao meu marido, à minha filha, aos nossos pais, nossos irmãos, cunhados, tios, avós, enfim para todos que já tinham comemorado comigo a vinda de um casal.
            Filha de engenheiro que cresceu programando a vida, quem me conhece sabe disso, receber uma notícia dessas depois de já ter passado mais da metade da gestação é porque realmente eu precisava em 2016 passar por um choque de comportamento. Muitas coisas eu acredito que ainda valem a pena programar, como a parte financeira de uma casa, uma viagem, mas com filho e agora com a chegada de dois ao mesmo tempo, o importante é estar pronta para todas as mudanças que acontecem no percurso. Ao invés de cinco dias e olhos arregalados como foi com a notícia da gravidez gemelar, passei só dois! Ponto para minha maturidade e aceitação de que planejar é preciso, estar pronta para mudar a rota é essencial para uma vida mais leve!
            E os nomes? João Miguel e José Carlos. Que venham nossos anjinhos com muita saúde para alegrar as nossas vidas e deixar nossas vidas diferente de tudo que imaginamos. Afinal eles só contribuem cada dia mais para eu entender que muitas coisas que nunca imaginei para minha vida são muito melhores das que eu sonhei a vida inteira!

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