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Sabe fazer maquiagem? Imagine um balãozinho na cabeça --- Nunca soube nem
passar base em mim direito.
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E um coque que fique na altura média do cabelo, não muito em cima, não muito
embaixo? Outro balãozinho – Brincar de cabeleireiro só com as minhas bonecas e
no cabelo da minha tia que tinha a maior paciência com as minhas mãozinhas que
penteavam aquela cabeleira linda todas as férias.
Para
não ficar desesperada manda logo uma mensagem à sua mãe pedindo ajuda com o
cabelo, às irmãs lindas querendo todas as dicas de maquiagem. E ao mesmo tempo
brigava com os pensamentos – você é capaz. Não é possível que para sua filha
não consiga superar esses bloqueios de quem nunca se ligou a esse mundo cor de
rosa.
Foram
quatro meses de testes para atingir o coque perfeito. Foram quatro meses para
entender um dom que jamais teve e conhecer um mundo que nunca fez parte do seu.
Não foi apenas a estreia de quem sempre sonhou em ser bailarina (leia-se sempre
para uma criança de quase quatro anos que pedia desde que começou a falar), mas
a estreia do ballet na vida daquela família. A estreia dos passos delicados, do
olhar focado, da busca da marcação no palco e do sorriso no rosto em dançar
para vida.
Não
poderia ter sido mais especial a escolha do tema. A pequena bailarina estreou
dançando a história de Dom Bosco em homenagem ao bicentenário de seu
nascimento. A história de quem sempre esteve na história de sua mãe; o jovem com
o qual ela sempre se identificou. A estreia da pequena bailarina foi um presente
para quem decidiu abraçar a missão da educação depois de anos afastada.
A
dança parecia um movimento leve e sincronizado, mas no seu coração era a
confirmação que a dança é o movimento da vida. É o movimento de quem está
envolvido com ela, com as letras das músicas, com as cores das fantasias, com o
mundo que ela apresenta para quem se deixa encantar com os gestos sincronizados
e os passos leves.
A
mãe foi tomada por uma emoção sem proporção ao saber que a estreia da filha era
a sua estreia num mundo que jamais a pertenceu. E a superação aconteceu, o coque
saiu perfeito e a maquiagem também. Ela não precisou da ajuda imaginada, só
precisou do seu amor e dedicação. À mesma com a qual a filha sempre teve em
aprender os passos da tão sonhada dança.
ps.: está na terceira pessoa para não sair as lágrimas do texto igual ao dessa mãe que descobriu com a filha o movimento da vida no mundo da dança!
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