sábado, 21 de novembro de 2015

Descobrindo o movimento da vida



- Sabe fazer maquiagem? Imagine um balãozinho na cabeça --- Nunca soube nem passar base em mim direito.
- E um coque que fique na altura média do cabelo, não muito em cima, não muito embaixo? Outro balãozinho – Brincar de cabeleireiro só com as minhas bonecas e no cabelo da minha tia que tinha a maior paciência com as minhas mãozinhas que penteavam aquela cabeleira linda todas as férias.

Para não ficar desesperada manda logo uma mensagem à sua mãe pedindo ajuda com o cabelo, às irmãs lindas querendo todas as dicas de maquiagem. E ao mesmo tempo brigava com os pensamentos – você é capaz. Não é possível que para sua filha não consiga superar esses bloqueios de quem nunca se ligou a esse mundo cor de rosa.

Foram quatro meses de testes para atingir o coque perfeito. Foram quatro meses para entender um dom que jamais teve e conhecer um mundo que nunca fez parte do seu. Não foi apenas a estreia de quem sempre sonhou em ser bailarina (leia-se sempre para uma criança de quase quatro anos que pedia desde que começou a falar), mas a estreia do ballet na vida daquela família. A estreia dos passos delicados, do olhar focado, da busca da marcação no palco e do sorriso no rosto em dançar para vida.

Não poderia ter sido mais especial a escolha do tema. A pequena bailarina estreou dançando a história de Dom Bosco em homenagem ao bicentenário de seu nascimento. A história de quem sempre esteve na história de sua mãe; o jovem com o qual ela sempre se identificou. A estreia da pequena bailarina foi um presente para quem decidiu abraçar a missão da educação depois de anos afastada.

A dança parecia um movimento leve e sincronizado, mas no seu coração era a confirmação que a dança é o movimento da vida. É o movimento de quem está envolvido com ela, com as letras das músicas, com as cores das fantasias, com o mundo que ela apresenta para quem se deixa encantar com os gestos sincronizados e os passos leves.


A mãe foi tomada por uma emoção sem proporção ao saber que a estreia da filha era a sua estreia num mundo que jamais a pertenceu. E a superação aconteceu, o coque saiu perfeito e a maquiagem também. Ela não precisou da ajuda imaginada, só precisou do seu amor e dedicação. À mesma com a qual a filha sempre teve em aprender os passos da tão sonhada dança.

ps.: está na terceira pessoa para não sair as lágrimas do texto igual ao dessa mãe que descobriu com a filha o movimento da vida no mundo da dança!

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