terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Amigas imaginárias


Durante praticamente um ano eu tive duas "amigas imaginárias” nas minhas viagens de ida ao trabalho. Essa “amizade” não era nenhum devaneio de criança, elas eram reais, uma loira e a outra morena, só não sabiam que eram minhas amigas.
Eu torcia para encontrá-las, ou melhor, para que as duas subissem no mesmo ônibus que eu estava. As duas eram animadas, cheias de histórias para contar. Todo dia elas tinham alguma novidade uma para outra. Achava isso divertido, talvez eu quisesse alguém para me fazer companhia diariamente. Talvez por isso me dei a liberdade de fazer parte daquela amizade sem que elas nunca soubessem nem o meu nome.
As duas eram universitárias, as duas moravam na mesma cidade e trabalhavam em outra, como eu. A loira saiu da cidade onde morava com os pais para estudar e a sua irmã também. Ela e a irmã dividiam um apartamento, e isso rendia sempre algum causo para ela contar a sua amiga.
Pelo que via ela e a irmã se davam bem, mas como irmãs que se prezam tinham suas diferenças. A irmã sempre saía, era a mais baladeira e vivia com o coração partido. Ela gostava mais de viajar, com o trabalho e a universidade não tinha muito pique para sair no meio de semana. A morena também falava de sua vida, ainda morava com os pais, não gostava muito do trabalho porque pelo que eu entendia não era aquilo que ela queria fazer. Também não era da balada mesmo porque precisava respeitar as regras da casa dos pais e isso significava não sair durante a semana por causa do estágio e da faculdade.
Um dia as duas estavam mais animadas do que nunca. E olha que eu já tinha ouvido tantas histórias boas delas, viagens, paqueras, reclamações dos professores. Nesse dia me dei conta que talvez nossa amizade estivesse no fim. Elas estavam felizes porque naquela semana ia ter uma festa na universidade indicando que estavam se formando. Ou seja, se nem elas sabiam se seriam efetivadas no estágio, como eu saberia se continuaríamos nos encontrando nas viagens matinais. Quando elas se despediram na hora da morena descer, que deixava o ônibus antes de nós, eu quase gritei “boa sorte”. Tive o mesmo ímpeto quando a loira se foi. Mas resolvi deixar nossa amizade do mesmo jeito, imaginária.

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